Sempre que por qualquer razao vou ao Consulado de Portugal em Genebra, é como regressar por um momento a Portugal. Infelizmente pelas piores coisas.
No inicio do ano fui ao consulado para confirmar a mudança de morada no cartao do cidadao. Ao mesmo tempo eu estava, sem saber nem ninguém me indicar, a desinscrever-me como eleitor!
Ao ver ontem um anuncio da comissao nacional de eleiçoes para ter atençao a que a transferencia automatica de local de voto so acontece em Portugal e que quando a morada muda para o estrangeiro, deixamos de ter local de voto.
O consulado hoje estava como sempre. Umas dez pessoas sentadas à espera, a falar em telemoveis mais caros que o orçamento permite; bebés a chorar. A meu ver ninguem deveria ter de estar ali, tudo deveria se fazer ou automaticamente ou à distancia. Mas tal como eu, esavamos ali todos os portugueses e Portugal. As imagens da RTP no grande ecra atras do recepcionista.
Chamam-me, actualizam a minha ficha de inscriçao no consulado. Embora durante um ano nao tenha vivido na Suiça, continuo presente, com a minha antiga morada, o antigo telefone, o antigo emprego. Depois desço um andar para tratar do recenseamento eleitoral. Ja la tinha estado ha alguns anos, provavelmente com a mesma senhora simpatica.
Para os portugueses no estrangeiro o cartao de cidadao nao chega. E como agora nao ha cartao de eleitores, temos uma folha A4, com a insignia portuguesa, a dizer que eu sou eleitor em Genebra.
O processo de votacao também é arcaico. Mandam o boletim por correio registado (algo raro na Suiça, devido à confiança que existe no sistema dos correios) e tenho de responder com o meu voto e uma fotocopia da folha A4 de “papel de cidadao”.
Isto para nao falar de um arcaismo mais geral. Os cadernos eleitorais continuam a estar congelados durante 60 dias antes de cada processo eleitoral. Nem a informatica nem o simplex mudou alguma coisa. Quem nao esta inscrito ou esta mal inscrito pode corrigir o problema segunda-feira ou entao so depois das eleiçoes, se entretanto nao se esqueceu!