21 Julho – Sexta


A noite de viagem. Dormir, aeroporto, dormir. Cheguei estafado às 8 da manhã depois de 3 aeroportos. // O Brasil continua especial, ônibus escondido atrás do estacionamento. Longa viagem à orla da praia até ao centro, onde irei deixar a mochila na faculdade onde trabalha Nilton e encontrar Laura. Deixei a mochila com um colega, fui para a sala de computadores onde o acesso era livre. Telefonei a Laura, mais 40 minutos: passeei, apanhei sol, voltei para os computadores. Às 12:00 Nilton aparece, simpático, com farda da faculdade passada a ferro. Trocámos algumas palavras mas ele tem de ir almoçar e eu esperar a a Laura. Ela aparece, com sorriso mágico e vamos passear. Primeiro a Ribeira, lugar calmo de uma cidade grande e movimentada. Com vista para o centro, junto ao mar nos sentamos a trocar palavras e olhares. Decidimos ir no dia seguinte à praia numa aldeia hippie perto de Salvador. Passeámos, Laura me mostra os prédios onde gostava de viver, andámos ao por do sol, a história do carnaval, o seu mundo enorme na cidade onde é mais popular no Brasil. Separámo-nos, eu vou ver um ‘Balé’ de mostra de danças típicas da Bahia, desde capoeira ao candomblé passando pelo samba de roda. Isto num teatro com mais pessoas que lugares, cheio de gringos. Passeio no Pelourinho e encontro Laura e Nilton, bebo uma cachaça com sabor a cravinho e vamos até um concerto que anima uma das praças. Tudo no meio de 500 outros mini-concertos, batucada, e muita gente. L e N bebem pouco, algo que contrasta com o resto da minha viagem. O cansaço domina os 3 rostos e pouco depois das 23 vamos apanhar o ônibus. Vou com Nilton até um bairro na periferia e quando olho estamos numa zona pobre de Salvador, uma quase favela. A casa de Nilton tem 2 andares e depois da porta de entrada não tem mais portas nem janelas, sendo os espaços ocupados por cortinas. A ligação entre os andares faz-se por uma escada de cimento, sem corrimão num páteo exterior; a única bacia para lavar os dentes é uma banca de lavar roupa. Tinham-me dito que na Bahia até para lavar os dentes se devia usar garrafa de água mineral. Um sonho naquelas condições. O quarto era simples, o vento entrava pelas janelas cobertas com cortinas; os sons dos outros dormirem, das pessoas nas ruas era presente dentro do quarto. Mas em tudo isto espelhava uma higiene e limpeza ímpar e excepcional. Teve magia aquela noite.