23 Julho – Domingo


É hoje. Pensei na Brana, na Renata, na Marina e na Laura. Nilton vive com os pais e com o irmão, mulher e filha dele que dormem na sala. Esta noite choveu e até ao banheiro molhei os pés no caminho. Depois do café da manhã, acompanhado por couscous, vamos a uma feijoada a casa de um amigo de Nilton (compro cachaça de lembrança (que me custa 5 reais e vejo no aeroporto a 15; e uma outra caseira em garrafa de coca-cola). Ofereço a t-shirt que trouxe da Suíça a Nilton. Na feijoada não conheço ninguém para além da boca de Laura. Tenho medo, é a minha vez de não saber se aquilo é correcto. Nilton é um cavalheiro e serve-nos, vê se estamos bem, deixa-nos à vontade. Devia ou não aproveitar o momento? Afinal aquilo não é cultura brasileira, é mesmo interesse em mim. Não estou habituado. Na minha cabeça a viagem terminou. Na minha cabeça todos os 18 dias que passei neste território lindo de pessoas mágicas resumem-se. E tenho Laura junto a mim. Bisneta de índia, pele escura. O tempo passa e quero estar só comigo. Chovem as lágrimas da minha partida. Até aí o país consegue ser mágico. Até breve Nilton e Laura, uns hóspedes de uma simplicidade e dedicação especial que jamais esquecerei.
No aeroporto compro Guimarães Rosa, Mutantes, Marisa Monte e Nação Zumbie. Gasto os últimos 20 reais em café, goiabada e cachaça. Um até breve.