É difícil levantar-se às 5h da manhã. Eva dormiu mal. O avião parte. Em Bruxelas tudo em ordem. O segundo avião, quase sem espaço para as bagagens de mão, parte com uma hora de atraso. Um voo calmo. Seis horas e vinte mais tarde somos o único avião no aeroporto de Yaoundé. A imigração é rápida no simples aeroporto. Somos os primeiros a sair com as nossas mochilas. Jean, o antigo colega da Eva, espera-nos com um amigo. Vamos até ao hospital pediátrico onde Jean trabalha como médico. Prédio simples, tudo com aeração para o exterior, crianças e mães nas camas. A primeira razão de ida ao hospital é o paludismo, mas muitas vezes não têm dinheiro para pagar os medicamentos.
Vamos ver o apartamento onde vamos dormir, que pertence ao amigo de Jean. Numa casa num dos bairros periféricos da capital, Monte Juvence, na sétima rua da descida da Juvence. É uma rua em terra, como todas as ruas secundárias da capital dos Camarões. Uma vivenda de dois andares, ele vive em baixo e aluga dois quartos, cozinha e salão que compõe o apartamento. Ele mostra a cozinha com um pequeno frigorífico desencastrado. A sala com pequena televisão acesa, quarto com mosquiteiro a cobrir a cama, casa de banho com chuveiro molha-tudo, retrete sem assento de plástico e lavatório só numa das duas casas de banho. As torneiras de água quente eram apenas decoração.
Jantámos em casa de Jean. Casa simples onde os seus pequenos filhos nos esperavam. A sua esposa cozinha no chão da cozinha. Oferecemos às crianças um carro e uns livros. A filha de cinco anos fica triste mas não chora os livros que ainda não consegue ler. Comemos frango, platain e salada. A filha também quer comer. O pai oferece-lhe. Depois as crianças vão deitar-se no quarto. Sozinhos, sem necessidade de “obrigar”, sem choros. Jean devolve-nos ao “nosso” apartamento mas não conseguimos dormir. Calor, almofadas grandes demais e demasiados câmbios desde a partida de Genebra. A certa altura a extenuação toma conta de nós.