Daily Archives: December 29, 2010


O barulho na rua começa às 6h. Tudo se ouve dentro de casa. Dormimos pouco e mal. Às 7:30 levantamo-nos e saímos. Tentamos comprar um cartão para o telemóvel mas o rapaz simpático diz que não tem “puces” legais e que as que vende se blocam passados quatro dias. Diz para ir à casa mãe da empresa. Comprámos iogurte liquido e um pão com chocolate numa boulangerie. Perguntamos a um vendedor de rua onde se apanha o táxi para o centro. Há imensas moto-táxi em modelos como havíamos visto em regiões tibetanas. Um dos condutores de mota corrige-nos enquanto tentamos pedir o táxi. “É poste central”, “custa 400”, diz-nos. Aqui os táxis são partilhados por vários passageiros que seguem na mesma direção. Para descobrir clientes abrandam, gritamos onde queremos ir e quantos lugares precisamos. Se aceitam buzinam e param, senão continuam a marcha.

O centro de Yaoundé é como o resto da capital – pó e confusão, vendedores por todo o lado, tal como táxis. Tudo é feio. Procuramos a casa-mãe do operador telefónico. Encontramos após três demandas.

Temos uma senha e comprámos um chip. Depois temos de ir a outro balcão identificar-nos: tiram fotocópia do passaporte, pedem a morada – que nos Camarões é apenas a Cidade e o Bairro – e dizem que dentro de umas horas já podemos usar o cartão. A fotocópia do passaporte vai para o monte de outros duplicados atrás de um computador.

De tarde vamos ter com Jean ao hospital e após uma hora de espera partimos dar uma volta de carro, não sem antes atender um paciente e dar opinião a outro médico sobre um caso mais complicado. Vamos ver o centro de congressos – “oferecido pelos chineses, construido pelos chineses” – e seguimos para o estaleiro da casa que Jean constrói. De manhã ele tinha pago o resto de um trabalho ao empreiteiro e este desapareceu sem pagar aos trabalhadores. Estes juntaram-se e vieram pedir contas a Jean ao hospital. Jean disse que havia de encontrar o empreiteiro. O guarda do estaleiro come avidamente os plátanos oferecidos por Jean. Quando teria ele comido a última vez?

A nova casa de Jean já tinha dois de três andares murados mas tudo parecia muito básico. O terreno à volta tem milho, avocado, mangas. Tem um vizinho anglofono que tem um bar no meio do nada, onde as crianças dançam aos décibeis de Michael Jackson.

De regresso paramos num bairro muçulmano onde comemos espetos de carne. São apenas 19:30 mas estamos cansados e Jean leva-nos a casa. Tomamos duche e vamos dormir.