Daily Archives: January 2, 2011


Às 9 horas chegámos ao terminal de transportes de Kumba e os presentes apontam-nos um Toyota Corolla de três portas como o único veículo a ir para Bamenda. Há um homem melhor apresentado que vai também para Bamenda e nos diz que temos de aproveitar aquele carro. Damos as mochilas. O homem diz que é melhor reservar já os lugares e que os melhores são os de trás, visto à frente poder haver cadeiras musicais com os passageiros que entram e saem ao longo do percurso.

Negro magro, fumador e cabelo punk, um pede dinheiro para comer.

Entramos no carro. Connosco atrás vai o homem bem vestido e uma criança. À frente vão o condutor e mais três pessoas. Uma partilha o banco com o condutor e dorme quase toda a viagem e outros dois partilham o banco do passageiro. A bagageira vai aberta com uma lona e plásticos a segurar as malas e sacos que ultrapassam o carro. Partimos.

A primeira parte é no mesmo percurso de ontem em terra batida e com buracos. O homem bem vestido conta-nos que estudou três anos em Den Hague e agora trabalha numa ONG para propor políticas para e industria mineira e petrolífera nos Camarões. Diz que gostaria que as populações locais ganhassem algo com a exploração das suas terras, algo que não acontece agora.

Mesmo a oito no carro a viagem desenrola-se calmamente e em menos de quatro horas chegamos a Bamenda. Um táxi leva-nos ao hotel Mundial que fica no final de uma cortada da estrada principal.

O quarto é grande e no chuveiro há um aquecedor elétrico de água. Aproveitamos para lavar alguma roupa que pomos a secar em corda feita de fio dental. O forte sol bate varanda e decidimos esperar um pouco.

Saímos à procura da companhia de autocarros que vai para Kumbo. Uma senhora simpática na bilheteira diz que reservará os lugares e lá estar na manhã seguinte às 8h30. A fome leva-nos a um pequeno restaurante onde nos servem, sem perguntar, peixe, banana frita e yam. Tanto a senhora que nos serve como o resto dos clientes estão agarrados à cerveja e parecem ainda celebrar o ano novo, cantando e dançando.

No edifício das forças armadas vemos um cartaz do atual presidente já em campanha para as próximas eleições onde, constitucionalmente, ele não pode participar. Todos receiam uma nova Costa do Marfim em 2011.

Tomamos cerveja numa esplanada, compramos algo para comer e mais tarde regressamos, já de noite, ao hotel.

(Recebi esta tarde uma SMS a contar da morte do meu tio Alberto Pedroso. Infelizmente não participarei ao funeral.)