Miguel


De regresso a Genebra a febre regressou, tal como enormes aftas na boca. Uma visita ao médico, várias análises e nada descoberto. As aftas são efeito secundário do Malarone, que parei imediatamente de tomar.

A aventura nos Camarões foi cansativa e mágica. O blog recomenda-se ler do final para o início. Esta é a última entrada. Boa leitura.


A temperatura regressou mas o ibuprofene funciona. Depois de comer algo começo com uma dor na garganta, ao início no lado esquerdo. Vamos de táxi até à agência de viagens recomendada pelo hotel. O autocarro já havia partido. O taxista leva-nos a outra agência que nos embarca para Buea, a 30km dali. Lá apanhamos outro autocarro de 30 lugares para Yaoundé. Depois da típica hora para por as malas sobre o autocarro, de avançar 30 metros e parar por 10 minutos, partimos. Passamos ao longo de uma linha de comboio que, a certa altura, segue numa das faixas de rodagem por alguns quilómetros. Há tão poucos comboios nos Camarões que não há sequer sinalização nas passagens de nível. Passamos em Duala, a capital económica com alguns prédios de 5 a 7 andares, a mesma ou pior confusão que nas outras cidades do país. A estrada Duala-Yaoundé parece ser das mais perigosas. A certa altura cruzamos um autocarro na berma com o motor na traseira em fogo e todos os passageiros a sair apressadamente pelas três portas disponíveis. Não há extintores.

Mais tarde durante controle da polícia uma criança de uns 7 anos sobe para o banco da mãe e urina pela janela. Cinco horas de viagem até à capital. A estrada das agências de viagem está congestionada de táxis. O autocarro faz as últimas dezenas de metros em contra-mão antes de fazerem uma abertura entre os táxis para chegar ao terminal. É mania de muitos países deixar o motor ligado quando o veículo está parado. Enquanto esperava que a mochila descesse, já intoxicado pelo fumo e quase tocado por um autocarro em marcha atrás, meto a mão e desligo o motor que me incomodava.

Vamos para casa de Jean de táxi, depois de lutar verbalmente com dois tipos que tentavam fazer comissão com o condutor de táxi e um preço exagerado. Salvou-nos o simpático taxista.

Contamos as experiências, brincamos com as crianças até irmos todos ao aeroporto. Antes do check-in fazem um scan dos passaportes mas o homem distraído não devolve o passaporte da Eva e mete num monte de outros. Brussels Airlines levou 3 guichets de check-in móveis para o aeroporto. O pessoal é local. Convencemos o agente que não temos bagagem e dá-nos o boarding passe sem perguntar que lugares gostaríamos. Temos de ir a outro pequeno guichet pagar a taxa de embarque. Não há troca de palavras com a senhora que demora um bom minuto para receber e verificar os nossos últimos francos e por um carimbo nos bilhetes.

Despedimos-nos de Jean. No primeiro controlo há alguém que vem e nos ultrapassa. Já vimos a mesma atitude quando comprámos bilhetes de autocarro. No controle de passaportes o guarda fala ao telemóvel enquanto preenche a ficha de partida que nos deram no primeiro controle, 20metros antes.

Um terceiro controle de bilhete e passaporte antes dos raios-x. Pergunto se preciso tirar os líquidos a que responde “ponha aí” apontando para a mochila. Líquidos, sim, não? Sem resposta não tiro os líquidos.

Quarto controle do bilhete onde digo um forte “Bonjour” à falta de cumprimento inicial.

Quinto controle, para abrir a bagagem de mão. Digo para o ar “não confiam nas vossas máquinas” ao qual o guarda estrabuja. Passa ainda um detetor de metais. À Eva o guarda olha para os líquidos para ver se algo é inflamável.

Embora ainda falte uma hora para o avião chegar ao aeroporto, dizem sem parar para os passageiros do voo tal e tal irem à sala de embarque para “immediate boarding”.

Converso com um jovem que vai pela primeira vez à Europa. Falamos dos seus sonhos e das diferenças, mas pouco lhe digo para o permitir descobrir.

Pouco depois de embarcar chamam um médico. Várias pessoas se levantam. Poucos minutos depois pedem novamente. Eva junta-se ao grupo na parte detrás do avião. Os hospedeiros estão um pouco em pânico. A Eva demora-se. Trinta minutos depois o capitão fala a dizer que um dos membros da equipa faleceu de paragem cardíaca. A Eva regressa. Nem no avião nem no aeroporto havia qualquer material médico e após 30 minutos de massagem cardíaca e duas injeções de adrenalina não havia nada a fazer. Íamos agora esperar um médico local e a polícia para o constato e depois decidir se o avião partirá. Há hospedeiras que choram. Os passageiros dormem ou vão olhar o que se passa com o corpo ou trocam de lugares.

Eram 3 da manhã quando a decisão de partir é tomada, anunciando que o serviço iria ser impessoal infelizmente.


Outro banho para começar o dia. Depois do pequeno-almoço vamos para a estrada esperar um táxi. Um carro para e propõe levar-nos metade do caminho. Apanhamos outro táxi e chegamos a Limbé onde nos hospedamos num hotel junto ao Jardim Botânico. Visitamos o jardim e depois andamos ao sol pela marginal. Há varredores e nota-se a limpeza da estrada. Há lugares de estacionamento marcados mas a maioria prefere na mesma estacionar à sombra, ocupando completamente o passeio. Sinto-me fraco e paramos num bar para uma bebida. Ao regressar ao hotel vemos que tenho temperatura ligeiramente alta. Eva inquieta-se com possível malária. Dispo-me. Hora depois a temperatura baixa um pouco. Almoçamos uma sopa de peixe e um prato africano à base de carne e espinafres. De volta ao quarto a temperatura sobe. Esperamos. Nada muda. Eva telefona a Jean que, visto a falta de outros sintomas, diz que posso esperar e tomar ibuprofen para a febre. Fico bom! Janto uma outra sopa de peixe, conversamos ao luar a ouvir as ondas até ir dormir.


Começo o dia com um mergulho na piscina e fotografias na praia. O pequeno-almoço incluído no preço é limitado, havendo um buffet um pouco melhor que custaria 10€ por pessoa. Limitamo-nos. Vamos ver depois a lava de uma das últimas atividades do vulcão existente aqui próximo. Um homem corre atrás de nós a dizer que temos que pagar e perguntamos se dá recibo ou bilhete. Diz que isso é com o guarda local e nós dizemos que pagaremos ao guarda quando formos embora. A neblina permanente da humidade não nos permite ver o vulcão de 4000m. Depois de uma caminhada sobre as pedras de lava regressamos sem que nos peçam pagamento. Regressamos pela praia ao longo da maré baixa, Eva toma banho no mar calmo e morno. Descansamos o resto do dia e jantamos no hotel próximo do nosso. Eu sinto a pele estranha.


Saímos do hotel com esperança que Ben não esteja à nossa espera. Compra-mos algo para comer e apanhamos um táxi para perto do Lago Oku. Caminhamos os últimos dois quilómetros e, enquanto umas senhoras lavam roupa, um jovem diz ser o guia e que temos de pagar a entrada no lago. E se quisermos podemos ir de barco até uma vila do outro lado. Digo que é caro, responde que podemos discutir o preço. Ou andar – só custa 2000F. Que não podemos ir sozinhos. Diz que o lago data do tempo dos tetra-avós, mas não sabe a história do dito. Resignamos-nos a aceitar andar um pouco com ele. O lago é especialmente bonito para África. A transparência da água deixa ver o lixo que deitam para dentro.

Ao ir embora outro senhor diz ser ele o responsável e a ele que temos de pagar a “entrada”. Dizemos já ter pago a outro. Ele quer que mostremos quem é. De regresso junto ao lago uma cabeça desaparece sob a água. Pela roupa sobre uma pedra, dizemos ter sido o mergulhador o guia. O senhor pergunta se ele era preto. Perplexos com a pergunta dizemos que nós somos os únicos brancos ali. Ele grita pelo outro e diz-lhe para ele devolver o dinheiro. Nós dizemos que vamos embora. Um e outro continuam a discutir.

Na estação de autocarro de Kumba levam o nosso táxi para junto de uma das companhias. Acabamos por comprar o bilhete para Limbé e metem-nos nos lugares da frente da HiAce a cair aos bocados. Quando finalmente temos 20 pessoas na parte de trás partimos. Para ligar o carro alguém o empurra para trás e o condutor vira a chave. Passado pouco tempo paramos porque parece que as malas estão mal seguras em cima. Um pouco depois um controlo policial ocupa-nos mais cinco minutos. Depois trocamos alguns passageiros. Vamos parando e partindo todos os cinco minutos. A HiAce não tem terceira mudança e conduz sempre no centro da estrada. A certa altura duas bagagens caem do teto e tem de dar meia volta para as ir pescar. Tinham passado três horas quando chegamos a Limbé, a menos de 100km de Kumba.

Os taxistas perguntam quanto damos para que nos levem ao hotel. Vamos comprar água e perguntar na loja como ir e quanto custa normalmente o táxi até ao hotel. É sempre a melhor tática. Dois táxis depois chegamos ao hotel, um dos melhores dos Camarões. Tem ar condicionado (velho, de caixa) e água quente no chuveiro molha tudo. Inclui pequeno-almoço!

Tomamos banho de mar na praia de areia preta e depois numa piscina natural com água de uma nascente. Sentimos-nos mais limpos. Investigamos o restaurante de um outro hotel visto o nosso ter preços exorbitantes, aproveitando-se da distância à terra mais próxima. Jantamos na mesma no nosso hotel, pagando tanto como duas noites em outros dos hotéis em que dormimos.


Cerca das 8h chegámos ao quintal da companhia de autocarros. A senhora da véspera diz nos ter reservado os lugares 3 e 7, mas que se quisermos podemos ter os assentos 2 e 3. Em países onde se conduz mal nunca é seguro ter os lugares da frente, mas depois de ver que são os únicos bancos individuais, aceitamos e agradecemos. Assim não iremos apertados e eu só terei de partilhar o espaço à frente do meu lugar com as pernas de outra pessoa. Enquanto esperamos vamos comprar algo para a viagem. O monte de bagagens sobre o minibus de 35 lugares (21 lugares dos nossos standards) é suficientemente grande para esconder uma mota Nanfan que vai deitada. Depois de cobrir tudo com uma lona, metem ainda dois sacos com algumas galinhas vivas.

Partimos às 10:30. Pouco depois param-nos num controlo e monta a discussão porque não querem deixar passar a mota que vai no teto sob todas as malas para a qual faltam documentos. Passado uns 10 minutos o problema foi resolvido. Como? Não sabemos. Duas horas depois pausa para xixi à beira da estrada. Homens e crianças fazem logo ali. Mulheres vão uns metros mais longe e regressam com algumas manchas nas saias e vestidos. O autocarro cheira agora um pouco a. Duas horas depois os passageiros pedem 10 minutos de pausa para comer. Compramos um pouco de ananás e três pequenas espetadas de carne. A viagem continua. O condutor nunca respeita os comandos de parar nos controlos da segurança rodoviária. Parece não ser grave. Um suborno a menos a pagar. Às 18:30 chegamos a Kumbo.

Ao final de toda uma viagem em estrada asfaltada, esta cidade tem pó como nunca visto. Está quente e húmido. A mistura não é agradável. No hotel só queremos que tenha ar condicionado que funcione. Tem. Pedimos o comando e a empregada mais nova traduz o pedido à mais velha. A mais nova, simpática, traz o comando que só podemos usar no momento porque é o único que têm para todos os quartos. Decidimos por 23 graus. Com a baixa voltagem na região o aparelho sofre para dar algum ar. Tomamos banho de água fria e vamos procurar comida.

O restaurante que propõe o guia de viagem é apenas um bar com stands de comida à volta. Partilhamos a mesa com um jovem que se chama Ben e diz ser jogador de futebol na equipa local. Enquanto comemos o peixe e banana com as mãos, ele avisa que será o nosso guia no dia seguinte. Aceitamos o número de telefone para lhe enviar uma mensagem ao mesmo tempo que pensamos como vamos escapar ao tipo. Durante o resto da refeição ignoramos-lhe e passado um tempo vai ele embora. Nós terminamos a cerveja e o sumo e também voltamos para o hotel.


Às 9 horas chegámos ao terminal de transportes de Kumba e os presentes apontam-nos um Toyota Corolla de três portas como o único veículo a ir para Bamenda. Há um homem melhor apresentado que vai também para Bamenda e nos diz que temos de aproveitar aquele carro. Damos as mochilas. O homem diz que é melhor reservar já os lugares e que os melhores são os de trás, visto à frente poder haver cadeiras musicais com os passageiros que entram e saem ao longo do percurso.

Negro magro, fumador e cabelo punk, um pede dinheiro para comer.

Entramos no carro. Connosco atrás vai o homem bem vestido e uma criança. À frente vão o condutor e mais três pessoas. Uma partilha o banco com o condutor e dorme quase toda a viagem e outros dois partilham o banco do passageiro. A bagageira vai aberta com uma lona e plásticos a segurar as malas e sacos que ultrapassam o carro. Partimos.

A primeira parte é no mesmo percurso de ontem em terra batida e com buracos. O homem bem vestido conta-nos que estudou três anos em Den Hague e agora trabalha numa ONG para propor políticas para e industria mineira e petrolífera nos Camarões. Diz que gostaria que as populações locais ganhassem algo com a exploração das suas terras, algo que não acontece agora.

Mesmo a oito no carro a viagem desenrola-se calmamente e em menos de quatro horas chegamos a Bamenda. Um táxi leva-nos ao hotel Mundial que fica no final de uma cortada da estrada principal.

O quarto é grande e no chuveiro há um aquecedor elétrico de água. Aproveitamos para lavar alguma roupa que pomos a secar em corda feita de fio dental. O forte sol bate varanda e decidimos esperar um pouco.

Saímos à procura da companhia de autocarros que vai para Kumbo. Uma senhora simpática na bilheteira diz que reservará os lugares e lá estar na manhã seguinte às 8h30. A fome leva-nos a um pequeno restaurante onde nos servem, sem perguntar, peixe, banana frita e yam. Tanto a senhora que nos serve como o resto dos clientes estão agarrados à cerveja e parecem ainda celebrar o ano novo, cantando e dançando.

No edifício das forças armadas vemos um cartaz do atual presidente já em campanha para as próximas eleições onde, constitucionalmente, ele não pode participar. Todos receiam uma nova Costa do Marfim em 2011.

Tomamos cerveja numa esplanada, compramos algo para comer e mais tarde regressamos, já de noite, ao hotel.

(Recebi esta tarde uma SMS a contar da morte do meu tio Alberto Pedroso. Infelizmente não participarei ao funeral.)


Às 6h já é dia mas ainda havia música na rua e algumas pessoas a dançar. Ao sair do hotel um guarda dormia num banco e outro sobre a secretária. Não acordaram nem com a porta mal oleada. Vamos de táxi para a estação de autocarros donde partem veículos – a palavra apropriada – para Kumbo. Apontam-nos para uma velha Hyace. É velhíssima mas não foi alterada, só tem nove lugares embora leve até 12 ou 15 pessoas. Começam a abrir stands de comida no descampado. Compramos uma baguette. Táxis chegam com gente e bagagem. Motas com bagagem que não acreditamos ser possível transportar sobre duas rodas. Converso com um homem que me diz ser um responsável de ver a ordem de chegada dos veículos, de ajudar a carregar e pagam-lhe por isso.

Compro arroz e feijão para pequeno-almoço. Aqui pede-se “arroz por 100 francos” e ela serve num prato que acabou de lavar numa bacia de água.

Táxis chegam, veículos partem para diferentes destinos. Para Kumbo não há mais ninguém. Esperamos durante três horas. O condutor, anglófono, fala ao telefone. Receio que decida não ir. Tinha dito que partiria com quatro passageiros. Fecha-nos a carrinha e diz que a vai parar mais próxima da estrada. Avançou os vinte metros que faltavam. Esperámos mais dez minutos com o motor ligado.

Estamos lá desde as 7h30 e já passam das 10h30 quando partimos, só os dois e o chauffeur para por gasolina. O caminho é em terra batida. Passamos as duas primeiras vilas e não há passageiros. Cruzamos pelo menos dez veículos super-lotados no sentido inverso. Hora e meia depois três passageiros entram. Fazem relativamente curtas distâncias e tudo se passa num dialecto local. Receio que alguma peça do carro se parta, tanto são os buracos.

Uma mota com um passageiro e a roda de um carro como bagagem ultrapassa. Cinco minutos depois vemos um carro a usar essa roda para substituir o pneu furado.

O condutor para. O potencial passageiro dá-lhe um copo a beber. O condutor dá-nos a provar – “it’s sweet”. Sabe a vinagre com açúcar. O condutor é convidado a casa do passageiro e sai de lá com outro copo de plástico que nos dá a provar – “this one is very sweet”. É vinagre com mais açúcar. Passado um momento entra o condutor, o passageiro e três bidons com o tal líquido a fermentar. Quilómetros depois o passageiro parte e deixa um dos bidons como pagamento da viagem.

Na vila seguinte há uma família com muitas crianças entra na carrinha. A mãe, com uma cintura de uns dois metros de circunferência, senta-se ao nosso lado apertando-nos contra o bordo do veículo. Os últimos quilómetros são desconfortáveis sem espaço e com crianças à volta. Chegamos a Kumba.

A família sai e como não há táxis o condutor diz levar-nos até à rotunda mais à frente onde haverão. Ele não os vê (nós vimos dois) e assim leva-nos até ao hotel. Nós prometemos pagar-lhe o valor do táxi. À chegada oferecemos 2000 francos aos quais, embaraçado, responde “should I give change?”. Agradece-nos imenso e nós ficamos pelo hotel onde a água quente prometida na receção não funciona.

Passeamos por Kumba. Cidade simpática, muito menos confusa que todas as outras que vimos até hoje. Por ser o primeiro dia do ano todos estão bem vestidos. A dois mil metros de altitude a temperatura é perfeita. Distribui-se “Bonne année” por todo o lado mesmo que Kumba seja anglofona. Tomamos cerveja em duas simpáticas esplanadas. No meio do trânsito vemos aparecer e passar homens mascarados de guerreiros, parte da tradição local de ano novo.

Jantamos peixe grelhado e 200 francos de batatas fritas. Gostamos de Kumba.


A aprendizagem de África continua. Vamos de táxi à gare routiére e metem-nos num autocarro para Bandjun. O autocarro tem como destino final Yaoundé e está meio vazio. Decido perguntar num café como ir para Bandjun e dizem que o melhor é ir em táxi partilhado. Encontramos um táxi que nos leva até ao centro de Bandjun. Dizem depois que é preciso outro táxi para ir até à Chefferie – “são quatro quilómetros”. Um homem propõe 1500francos para uma course (táxi todo para nós) mas queremos apenas dois lugares que custam 150 francos cada. Rapidamente vemos que nunca haverá mais gente para que ele parta e decidimos ir a pé. Demora 40 minutos e quatro perguntas por direções.

A chefferie é onde vive um rei local e há umas certas tradições. O conservador do museu guia-nos e conversa connosco. Ele quer trazer mais locais a descobrir a chefferie mas não sabe como. De regresso apanhamos uma moto-táxi até ao centro de Bandjun e depois um táxi leva-nos diretos ao hotel em Bafoussam onde tínhamos deixados as mochilas.

Comemos umas espetadas para matar a fome e vamos apanhar um minibus para Funbam. Incrivelmente não temos de esperar. Vamos vinte numa HiAce de nove lugares mas aguenta-se. Não há espaço para vendedores a bordo. Funbam, depois de uma hora de viagem, é ainda mais poeirenta. E mais muçulmana. O hotel que escolhemos é simples. Depois de pagar descobrimos que as torneiras estão secas e há apenas um bidon cheio de água. Adeus duche. Visitamos o Palácio Real com dois guias, um para o interior e outro para o exterior. O guia do exterior leva-nos depois a lojas de artesanato onde não queremos comprar nada (custa sempre dizer não a cada um dos vendedores insistentes) e ainda a uma interessante fundição de bronze. Estamos cansados e vamos beber uma cerveja a um bar que não tem música a altos berros. Tiramos umas fotos da varanda do restaurante – é sempre bom tirar fotos do alto, sem que as pessoas nos remarquem. Depois jantamos, já ao som de música. Frango e uns couscous brancos muito finos. A empregada tenta nos vender uns colares: estamos bem numa cidade turística. Cansados vamos para o nosso hotel sem água onde passamos o ano novo a tentar dormir ao som de milhares de pessoas e bares a altos berros – “bonne année, bonne année”.


Tentamos levantar cedo mas saímos da cama às 7:30. Passamos na boulangerie e tomamos um táxi para a gare routiére onde haverá autocarros – enormes Mercedes – para Bafoussam. À chegada do taxi logo alguém tira as malas do porta-bagagens e tenta nos levar para a boa bilheteira antes que alguém da companhia concorrente o faça.

Agradecemos que nos Camarões, com exceção dos mercados, não precisamos de discutir o preço. Um autocarro já está cheio e nós somos enviados para o segundo. Há ainda 70 lugares a vender antes que ele parta. Demora hora e meia enquanto vemos vendedores de bebidas, bolachas, sapatos, relógios, revistas a passar. A certa altura começamos a ocupar os lugares no autocarro e os vendedores a passarem também lá dentro. Um mete um CD a tocar e pergunta se há interessados. A viagem ainda não começou. À partida um vende duas revistas por 500francos. Sempre a mesma estratégia: um preço exorbitante depois um preço especial de autocarro e ainda um preço, metade, para os três primeiros. E as pessoas compram. Foram banhas da cobra, foram “A Secretária perfeita” em forma de revista. As vendas acompanham mais de metade da viagem no autocarro de cinco lugares por fila.

Em Bafoussam apanhamos um táxi para o centro que nos deixa em frente ao Hotel du Centre, simples. Mostram-nos um quarto enorme e decidimos por um pequeno. Há só uma toalha, não há mosquiteiro. Passeamos um pouco pela confusão, vemos um porco vivo ser transportado de moto, tomamos uma cerveja, jantamos ‘roti de carne’ no bar do hotel.


O barulho na rua começa às 6h. Tudo se ouve dentro de casa. Dormimos pouco e mal. Às 7:30 levantamo-nos e saímos. Tentamos comprar um cartão para o telemóvel mas o rapaz simpático diz que não tem “puces” legais e que as que vende se blocam passados quatro dias. Diz para ir à casa mãe da empresa. Comprámos iogurte liquido e um pão com chocolate numa boulangerie. Perguntamos a um vendedor de rua onde se apanha o táxi para o centro. Há imensas moto-táxi em modelos como havíamos visto em regiões tibetanas. Um dos condutores de mota corrige-nos enquanto tentamos pedir o táxi. “É poste central”, “custa 400”, diz-nos. Aqui os táxis são partilhados por vários passageiros que seguem na mesma direção. Para descobrir clientes abrandam, gritamos onde queremos ir e quantos lugares precisamos. Se aceitam buzinam e param, senão continuam a marcha.

O centro de Yaoundé é como o resto da capital – pó e confusão, vendedores por todo o lado, tal como táxis. Tudo é feio. Procuramos a casa-mãe do operador telefónico. Encontramos após três demandas.

Temos uma senha e comprámos um chip. Depois temos de ir a outro balcão identificar-nos: tiram fotocópia do passaporte, pedem a morada – que nos Camarões é apenas a Cidade e o Bairro – e dizem que dentro de umas horas já podemos usar o cartão. A fotocópia do passaporte vai para o monte de outros duplicados atrás de um computador.

De tarde vamos ter com Jean ao hospital e após uma hora de espera partimos dar uma volta de carro, não sem antes atender um paciente e dar opinião a outro médico sobre um caso mais complicado. Vamos ver o centro de congressos – “oferecido pelos chineses, construido pelos chineses” – e seguimos para o estaleiro da casa que Jean constrói. De manhã ele tinha pago o resto de um trabalho ao empreiteiro e este desapareceu sem pagar aos trabalhadores. Estes juntaram-se e vieram pedir contas a Jean ao hospital. Jean disse que havia de encontrar o empreiteiro. O guarda do estaleiro come avidamente os plátanos oferecidos por Jean. Quando teria ele comido a última vez?

A nova casa de Jean já tinha dois de três andares murados mas tudo parecia muito básico. O terreno à volta tem milho, avocado, mangas. Tem um vizinho anglofono que tem um bar no meio do nada, onde as crianças dançam aos décibeis de Michael Jackson.

De regresso paramos num bairro muçulmano onde comemos espetos de carne. São apenas 19:30 mas estamos cansados e Jean leva-nos a casa. Tomamos duche e vamos dormir.


Genebra – Yaoundé (terceiro ensaio)

É difícil levantar-se às 5h da manhã. Eva dormiu mal. O avião parte. Em Bruxelas tudo em ordem. O segundo avião, quase sem espaço para as bagagens de mão, parte com uma hora de atraso. Um voo calmo. Seis horas e vinte mais tarde somos o único avião no aeroporto de Yaoundé. A imigração é rápida no simples aeroporto. Somos os primeiros a sair com as nossas mochilas. Jean, o antigo colega da Eva, espera-nos com um amigo. Vamos até ao hospital pediátrico onde Jean trabalha como médico. Prédio simples, tudo com aeração para o exterior, crianças e mães nas camas. A primeira razão de ida ao hospital é o paludismo, mas muitas vezes não têm dinheiro para pagar os medicamentos.

Vamos ver o apartamento onde vamos dormir, que pertence ao amigo de Jean. Numa casa num dos bairros periféricos da capital, Monte Juvence, na sétima rua da descida da Juvence. É uma rua em terra, como todas as ruas secundárias da capital dos Camarões. Uma vivenda de dois andares, ele vive em baixo e aluga dois quartos, cozinha e salão que compõe o apartamento. Ele mostra a cozinha com um pequeno frigorífico desencastrado. A sala com pequena televisão acesa, quarto com mosquiteiro a cobrir a cama, casa de banho com chuveiro molha-tudo, retrete sem assento de plástico e lavatório só numa das duas casas de banho. As torneiras de água quente eram apenas decoração.

Jantámos em casa de Jean. Casa simples onde os seus pequenos filhos nos esperavam. A sua esposa cozinha no chão da cozinha. Oferecemos às crianças um carro e uns livros. A filha de cinco anos fica triste mas não chora os livros que ainda não consegue ler. Comemos frango, platain e salada. A filha também quer comer. O pai oferece-lhe. Depois as crianças vão deitar-se no quarto. Sozinhos, sem necessidade de “obrigar”, sem choros. Jean devolve-nos ao “nosso” apartamento mas não conseguimos dormir. Calor, almofadas grandes demais e demasiados câmbios desde a partida de Genebra. A certa altura a extenuação toma conta de nós.


Genebra – Duala (segundo ensaio)

Não neva em Bruxelas e o aeroporto está aberto. O avião que nos deve levar à capital belga está 20 minutos atrasado. Quando finalmente aterra em Genebra vejo que abrem o motor da direita e trabalham durante 30 minutos até que nos deixam embarcar. Digo à Eva que não me parece bom. Na hora que passamos dentro do pequeno Avro, o capitão vai contado que o tal motor da direita precisa de óleo e que no aeroporto não há esse tipo de óleo. Ele diz pedir à British Airways que usa o mesmo tipo de avião para ver se teriam uma lata de óleo. Mais tarde diz que um voo da Air France está a aterrar e ia ver se eles teriam óleo extra. “No pior dos casos temos de esperar pelo vôo seguinte de Bruxelas que traz o óleo para nós”. É um Exxon-Mobil não-sei-das-quantas que precisa o motor. Nós tínhamos fome, outros passageiros reclamavam com fome. Só vendiam comida e só aceitavam Euros. “As pessoas com destino a Duala, Pequim, Washington são convidadas a abandonar o avião”. Trocamos o bilhete para terça-feira, desta vez partindo às 6:50 da manhã.

Eva está um pouco doente mas vamos na mesma fazer um pouco de esqui de fundo no Jura.


Concept of service

Nonexistent. Any age the people are, any area of work, the concept of service does not exist. The extreme is to go to tourism office and ask for something. Bus to go there. You receive a piece of paper. No info if there other means to arrive there, trains maybe…


Hong Kong – day 3

Last day in city and back to a bit of tourism. Peak, going higher than the tourists (well, just to the real Peak) and then Body Combat. The Happy Valley horse riding was cancelled due the bad weather of yesterday.

This gym was 5 floors, each floor with dozens of machines. The class was kind of normal, half english half chinese, again more guys than gals. But before the body combat there was a step class… more than 50 people, 70% men and a amazing difficult choreography… and everyone following it without problems.

Back to my Nigerian movie rental shop for writing up the blog. Lets go eat and then airport.

HK, I should visit you again.


Hong Kong – day 2

Hong Kong before the party ends. Sense 99 is the alternative kind of squat here. Two floors, on top a jam session between chinese and expats. Below expats in shirt smoke inside as this is not officially public.

Seems Bjork was here after her concert. This is the Sirkus of HK.

Typhoon signal 3 and black rain signal today left me without much to do. Body Combat and a contemporary dance show was my day.

I ran out of money, only Octopus card now. Will I survive?


Macau

Macau is undefined, tried to be Hong Kong, did not arrive and now is getting dominated by chinese and philipinos. Signs are still in chinese and portuguese, but portuguese is disappearing in favor of english and tagalo. Portuguese were here, but not anymore.
The wind was getting stronger and stroger. The boat back was shaking and half people vomiting. My mood was ok all time.


Hong Kong – day 1

Kilometers of advance by Hong Kong compared to NY, London, Barcelona… On arrival to Kawloon a lights show on the other side (Central) buildings was going on with music. Now back to Chunking Mansions, the queue to elevators, all smuggles of mobile phones and the indian restaurants.


Hong Kong

When I like something I try to write it beautiful. The city had impact on me. Because is very easy, western style with translation in chinese. The confortable weather helped an the hotel to be not worst than I expected also.

Missing only company. Would be great to have E here, discover together this amazing town.

One afternoon based on Nathan Road and the Chunking Mansions, the boat to Central, the escalator, small parks (and natural smell) in middle of the city, finished with a beer in a terrace of “Fringe”, some supposely alternative club. Well, music (Morcheeba?) is nice.


Taiwan – day 12

The weather was wonderful at 6:30am when I went to take breakfast, quite nice chinese breakfast. But I was not up for more budhism. Bus back to Kaoshiung and fast train to Taipei. Like shinkansen 3+2 places per row and 300km/h.

Then went to Wulai, hot springs village. The weather had changed and showers started. Try to know some trails. Again no english at tourist information and just a small trail.
To finish a bath in the public hot springs by the river.


Budism Theme Park of “Fogwangshan”

I stayed in their pelegrins lodge this night after bowing for some tooth and trying to write nice sentences in chinese. Like any other religious place they live of donations but they have a gold 20m statue of buda (which is fat) and hundreds of other golden small ones. Not to talk about the 5 souvenir shops, 3 restaurants and even an ATM, just in case you did not bring enough to give them. My donation was thousand dolars for sleep and two (nice) meals. Same I would pay outside.


Taiwan – day 10

Bike in the rain, feet in warm Pacific, noodle soup breakfast. Problems getting money, but machines at 7/11 worked. Lunch pointing to a dish and that costed 85TWD. It was curry chicken. Is getting easier to understand the information. I like the thing of gathering small pieces and understand a chinece only timetable.


Kenting

The touristic beach paradise of Taiwan. A order: hotel, clothes shop, restaurant and repeat. Television with 100 channels showing many advertisements like home turkish bath, tea pots and underware.

Bike are all very small. Do they ride? And rent is same price as scooter…


Taiwan – day 9

Day started with small earthquake. In the morning still light rain so decided to go South. First stop Taiting. Visitors centre no english. Go south, seach for the sun and a laundry. In this train station a TV show the “Supreme Master TV” with subtitles in 13 languages at same time!

In Taiwan trains we show ticket to get into platform, in the train and when leaving the station.

In Taiwan there are few automatic machines, but they are too old to be useful (except MRT in Taipei).

In Taiwasn small hotels the towels are very small, like in Japan (for onsen).


Taiwan – day 8

Takoro NP is an interesting marble gorge with lots of tourists and a few paths. I got a lift on the way down which allow to get 2 hours advance. Moved to carpe Lake, a bit South. Rainy weather allowed only to check the hotel. Dinner at a supermarked with a family owhere only a guy speak few english words.


Taiwan – day 7

Excursion from 6:50am to some island shape of turtle. Nothing special. After another huge lunch I left and took train to Hualien. Mistake after mistake I stayed in a bad hotel for 16chf and they did not find me a bike. Only tomorrow I can go to Toroko NP and I still don’t know where to go after…
Now in a buffet restaurant a mother send me the child to translate and help. The child had excellent english.


Taiwan – day 6

Hard wake up and conference only at 11:00. In the afternoon was my presentation, nothing special. I changed my ticket to HK for Thursday.
Conference buffet with a band of contemporary chinese music or whatever, but was horrible. Banquet of 10 dishes.
After with Pablo and a canadian we went to a tango bar. Pablo danced and we drunk beer. The bar looked nice but the guy in 30 minutes did 3 coffees in a very long procedure.


Taiwan – day 4

Full day at conference. Went with 2 spanish and indian make a small tour and had a buffet dinner on a DIY (do it yourself). Table was half grill half boiler. What we ate I don’t know neither want to know.
After we walked in night markets where they sell from porno to vibrators, snake restaurants and massages. With Pablo I went for a beer after a while hunting for a bar.


The gym

I went for the body combat class at 22:00. The full of lights gym had a queue of 30 people to enter the classroom. Inseide several from previous class stayed. 30 guys, maybe 20 girls and a class in chinese. In the changing rooms while not all showers were taken (they are covered with courtain), the queue for specific one. In the sauna I stepped to the 2nd floor and everyone starred at me. I believe I shouldn’t have put the feet on the 1st floor. And of course they never show them naked. On the way back I mistake in the train and went to different line.


Taiwan – day 3

Hard time to wake up. Not today the swimming pool. But chinese breakfast and misou soup. I’ll try to change return to HK to Thursday. And good would be to change return to GVA via Partis, but I don’t believe I can. In Taiwan now I think to visit Taroko National Park and then some hot-springs a bit south.
This morning I went to contemporary Art Museum. Quite small, simple exibition. The MRT to North, Dashiu, a costal village at the delta of the river that crosses Taipei. Lots of small shops and lunch at small restaurant with photos. And fruite juice of some strange fruit. Now is my turn to take taxi to conference. At night the gym.


Taipei

Hard to wake up and impossible to have stomach for a chinese breakfast. Stayed with european style. Met first CERN colleagues and went to the conference. Traffic to arrive there. Packet lunch was ok. Then was the few who took shuttle bus to hotel. Others, I believe, take taxi at CERN expenses. At hotel I discover they have swimming pool and also some library with free internet access. At night I met Florance, a taiwanese girl from hospitality club, we go for dinner in a night market, she makes me taste local food, very strange, and dessert as a cold soup. I give her collection of euro coins. On way to hotel the women seated at my side reads Angels and Deamons. I show her the CERN card. “Are you scientist?” “Yes.”


Taiwan

Taipei MRTThe organization suggested a taxi, I took the metro and walk. The hotel is nice but no free internet…
Hot and humid Taiwan. and a mix of south Korea and Kuala-Lumpur. Still behind cleaness of Japan. However people are friendly, come to try to help. First lunch – lamb with sweet melon – is not to repeat. After walking in foot massage path, hardly supported, I discover a barber for a secon asiatic hair cut experience. Of course couln’t be as good as Japan, the place was worst. Several women cutting the hair to men, a man talking to clients. No english speaker so was machine, 9mm at top, 3 at sides. First cut the ton of hair, then put shampoo on dry head and wash with head down to small bath tub, with women washing all my face altogether. A few hot towels and two candies as offer against 350T$. Some more walk through the Ginza of Taipei, full of shops with strange dresses, metro to a temple and hotspring baths to finish the day. Different than in Japan, there is no washing beginning and is mixed with swimming suit.


Taiwan

Traveling for both conference and holidays is not easy. Holidays are much more important for me. Then in the conference I’ll be with work people I really dont know or share tases. Then I’ll be by my self, discovering people and places. Let us see how it goes. I’m still in Geneva.