1. Viver o Brasil 2006


Brasil em 20 jornadas

Este blog conta a história dos 20 dias que passei na brasil em julho 2006. Com a desculpa de ir ao casamento da minha grande amiga Lorenza (com quem partilhei Oulu na Finlândia durante oito meses em 2002/3), passeei e amei várias grandes cidades, adorei dezenas de pessoas que conheci. Há nomes que não posso esquecer de mencionar: Gustavo, Beatriz, Leandro e Nilton que me hospedaram; Brana, Renata, Marina e Laura que marcaram cada uma das cidades em que passei. E ao redor de cada uma delas um conjunto magnífico de amigos que ficaram dentro de mim.
Fui para o Brasil só com uma pequena mochila, a mesma que levava para a escola em Portugal. Foi para o Brasil só o com bilhete até Belo Horizonte e volta 20 dias depois desde Salvador. A melhor opção para estar livre.

Para ler o blog, proponho que cliquem aqui e passeem do primeiro ao último dia. Boas leituras.


Percurso

04 – Genebra-Lisboa
05 – Lisboa-Salvador-Belo Horizonte
06 – Belo Horizonte
07 – Belo Horizonte
08 – Belo Horizonte (casamento)
09 – Belo Horizonte
10 – Belo Horizonte
11 – Rio Janeiro
12 – Rio Janeiro
13 – Rio Janeiro (praia)
14 – Rio Janeiro-Brasí­lia
15 – Brasí­lia
16 – Brasí­lia (Alto Paraíso)
17 – Brasília-São Luí­s
18 – São Lu­ís
19 – São Lu­ís (lençóis maranhenses)
20 – São Lu­ís (praia)
21 – Salvador
22 – Salvador (praia)
23 – Salvador-Lisboa
24 – Lisboa-Genebra


Contas

O dinheiro gasto, em Euros, nos 20 dias de viagem:

1100 – Vôo Genebra-Salvador-Genebra
625 – Vôos internos+Onibus
80 – Aluguer carro
364 – Dinheiro
115 – Outros (revelação fotos + livros/CDs souvenir)
======
2284 – Total


23 Julho – Domingo

É hoje. Pensei na Brana, na Renata, na Marina e na Laura. Nilton vive com os pais e com o irmão, mulher e filha dele que dormem na sala. Esta noite choveu e até ao banheiro molhei os pés no caminho. Depois do café da manhã, acompanhado por couscous, vamos a uma feijoada a casa de um amigo de Nilton (compro cachaça de lembrança (que me custa 5 reais e vejo no aeroporto a 15; e uma outra caseira em garrafa de coca-cola). Ofereço a t-shirt que trouxe da Suíça a Nilton. Na feijoada não conheço ninguém para além da boca de Laura. Tenho medo, é a minha vez de não saber se aquilo é correcto. Nilton é um cavalheiro e serve-nos, vê se estamos bem, deixa-nos à vontade. Devia ou não aproveitar o momento? Afinal aquilo não é cultura brasileira, é mesmo interesse em mim. Não estou habituado. Na minha cabeça a viagem terminou. Na minha cabeça todos os 18 dias que passei neste território lindo de pessoas mágicas resumem-se. E tenho Laura junto a mim. Bisneta de índia, pele escura. O tempo passa e quero estar só comigo. Chovem as lágrimas da minha partida. Até aí o país consegue ser mágico. Até breve Nilton e Laura, uns hóspedes de uma simplicidade e dedicação especial que jamais esquecerei.
No aeroporto compro Guimarães Rosa, Mutantes, Marisa Monte e Nação Zumbie. Gasto os últimos 20 reais em café, goiabada e cachaça. Um até breve.


22 Julho – Sábado

Já escrevo isto no avião de regresso a Lisboa. Neste dia fomos à praia. Longe de tudo, praticamente deserta, um pequeno areal e um mar rochoso. Com piquenique e só uma ‘canga’ para os 3. Tomo banho com Nilton, falamos de nudismo e tiramos o fato de banho. A Laura fica incomodada de ver as nossas ‘bundas’. São momentos estranhos para os dois amigos que se conheceram há 7 meses via uma terceira pessoa que procurava hospedagem na cidade. Para Nilton era a primeira vez que se desnudava com uma ‘menina’ presente e sem outras intenções. Para a Laura era a primeira vez que alguém se despia sem ser namorado. O dia estava magnífico, sem uma nuvem, quente. Laura me acaricia o cabelo e eu lembro a Brana. Calmamente a tarde esvai-se. Convido-os para um rodízio, há que aproveitar estar num país com carne óptima, e vamos a um restaurante onde por 14 reais (?5 euros) se tem rodízio de carnes, pizzas e buffet de saladas. Como só carne e uma fatia de pizza de chocolate! Saciados (que quantidade de carne comi!) caminhamos até ao ponto de ônibus. Laura fala com Nilton e fica distante. Não entendo bem o que se passa. Nilton depois conta que ela se sentiu mal porque gostou de mim e não sabia se era correcto. Conversei com Nilton já no quarto sobre Laura, sobre amizades, amores. Sobre a minha viagem e as hospedagens. Era a minha última noite de viagem.


21 Julho – Sexta

A noite de viagem. Dormir, aeroporto, dormir. Cheguei estafado às 8 da manhã depois de 3 aeroportos. // O Brasil continua especial, ônibus escondido atrás do estacionamento. Longa viagem à orla da praia até ao centro, onde irei deixar a mochila na faculdade onde trabalha Nilton e encontrar Laura. Deixei a mochila com um colega, fui para a sala de computadores onde o acesso era livre. Telefonei a Laura, mais 40 minutos: passeei, apanhei sol, voltei para os computadores. Às 12:00 Nilton aparece, simpático, com farda da faculdade passada a ferro. Trocámos algumas palavras mas ele tem de ir almoçar e eu esperar a a Laura. Ela aparece, com sorriso mágico e vamos passear. Primeiro a Ribeira, lugar calmo de uma cidade grande e movimentada. Com vista para o centro, junto ao mar nos sentamos a trocar palavras e olhares. Decidimos ir no dia seguinte à praia numa aldeia hippie perto de Salvador. Passeámos, Laura me mostra os prédios onde gostava de viver, andámos ao por do sol, a história do carnaval, o seu mundo enorme na cidade onde é mais popular no Brasil. Separámo-nos, eu vou ver um ‘Balé’ de mostra de danças típicas da Bahia, desde capoeira ao candomblé passando pelo samba de roda. Isto num teatro com mais pessoas que lugares, cheio de gringos. Passeio no Pelourinho e encontro Laura e Nilton, bebo uma cachaça com sabor a cravinho e vamos até um concerto que anima uma das praças. Tudo no meio de 500 outros mini-concertos, batucada, e muita gente. L e N bebem pouco, algo que contrasta com o resto da minha viagem. O cansaço domina os 3 rostos e pouco depois das 23 vamos apanhar o ônibus. Vou com Nilton até um bairro na periferia e quando olho estamos numa zona pobre de Salvador, uma quase favela. A casa de Nilton tem 2 andares e depois da porta de entrada não tem mais portas nem janelas, sendo os espaços ocupados por cortinas. A ligação entre os andares faz-se por uma escada de cimento, sem corrimão num páteo exterior; a única bacia para lavar os dentes é uma banca de lavar roupa. Tinham-me dito que na Bahia até para lavar os dentes se devia usar garrafa de água mineral. Um sonho naquelas condições. O quarto era simples, o vento entrava pelas janelas cobertas com cortinas; os sons dos outros dormirem, das pessoas nas ruas era presente dentro do quarto. Mas em tudo isto espelhava uma higiene e limpeza ímpar e excepcional. Teve magia aquela noite.


20 julho – quinta

A ideia era ir a Âlcantra a uma hora de barco às 10h (hora varia porque o barci só consegue atracar na maré alta). Mas o calor era demasiado para passar o dia a andar. Pequeno almoço e volto para buscar fato de banho e toalha e caminho para a praia onde chego 2h depois. Tomo banho, leio e alguém me pede para guardar seu boné e óculos enquanto toma banho. Ao voltar começámos a falar e terminamos almoçando juntos peixe escabeche. Professor de direito jurídico tenta encontrar bolsa para doutoramento na Europa (já fez mestrado em Paris). Oferece-me boleia para aeroporto mais tarde.
De tarde comprei vinho para oferecer ao Leandro e sabonetes. Aqui existe particularidade de no duche usar sabonete (o que é ecologicamente bom, pois é muito menos trabalhoso e poluidor que gel de banho, bem como não tem o lixo da embalagem não reciclável) e ainda a particularidade da água ser electricamente aquecida no próprio chuveiro, por meio de uma resistência (receio sempre um choque no duche).
Vim passear no centro e terminei na festa Bumba-meu-boi, como os santos populares do Estado do Maranhão. Um dos grupos: Flor de Portugal de Âlcantra (Maranhão) dançam com fatos verdes e amarelos e ritmo de samba desde música folclórica portuguesa até Amlária Rodrigues e Madredeus. Agora mulheres despidas como no carnaval dançam no meio de homens trajados de bóis, lobos… Interessante. //
Conheci a amiga da Renata e seu marido. O sotaque de Rio Grande do Sul é lindo. Tomámos várias cervajas no Reviver com o Leandro antes de ir só eu e o Leandro ver mais uns “bóis”. À meia noite o cara que conheci na praia levou-me ao aeroporto. Despedi-me do Leandro. Ele foi uma marca nesta viagem.


19 julho – quarta

Às 4h10 estava fora de casa para me levarem numa excursão aos lençóis maranhenses a 250km daqui. Chegados às 9h lá – depois de uma parada para pequeno almoço onde me queriam cobrar 10.50R por comida à peça, sendo o buffet livre 6R – comprada água e fruta fomos de jipe e jangada (com o jipe) até um parque enorme (1550km2) de dunas com lagoas entre elas formadas pela chuva. Um autêntico paraíso, lagoas de água doce e morna rodeadas de areia fina e limpa. Isto partindo de jipe numa vila onde não há alcantrão e seguindo pela a areia até ao parque nacional. Banhos e muito sol, conversa com os brasileiros colegas de viagem, terminando com um rápido almoço de esparguete com camarão e retorno. Chego às 20h30, ligo ao Leandro que acabava de chegar a casa e digo que fico até às 22h no centro. Passeio, muita música, alguma ao vivo, nos bares do “reviver”, o bairro onde restauraram algumas casas coloniais com azulejos no exterior. Depois de 30 minutos a escolher fico pela “Casa do Porto” que emana sons raggae. Muito simpático e simples o interior mas demasiado alto. Instalo-me na esplanada a beber uma cerveja e comer pasteis variados.


18 julho – terça

Levantei às 10h. Estava cansadíssimo. Leandro tinha saído já às 7h30. O calor de 30 graus e a chuva fazem um ambiente muito pesado. Estou fora do centro, não sei a morada nem onde apanhar o ônibus, nem que ônibus apanhar. Gosto desses desafios. À entrada do prédio vejo cartas não entregues e copio o endereço comum a todas. Saio e direcciono-me onde há mais movimento desenhando um mapa. Na estrada principal paro um ônibus e pergunto se vai para o centro. Passeio, vejo a pequena cidade, pobre, lenta, o que é natural pelo clima que faz. Decido a viagem para Salvador de quinta para sexta, com 2 mudanças de avião em Fortaleza e Recife. Faz-me lembrar uma viagem de comboio há 5 anos atrás entre Genebra e Veneza, também durante a noite, também com várias mudanças de comboio. Leandro me perguntou quanto é que já vai a viagem e fiz hoje as contas. Cerca de 2800 Reais, cerca de 900?, 600? em avião no interior do Brasil. Não quero pensar no dinheiro, interessa é ser feliz. E estou a adorar a aventura.
Mas depois de 2 semanas intensas posso dizer-me cansado. Muitas mudanças, muita gente muito diferente que pede muita atenção pois são bastantes interessantes. O calor húmido, o dia todo de viagem ontem não ajudaram. Ver como passo os próximos dias. Estou certo que será melhor. O dia terminou com um concerto numa praça mais desenhada por Niemeyer (em todas as cidades que estive ele desenhou algo). Música maranhense simpática durante 90 minutos. Encontro Leandro depois e leva-me a um centro comercial onde costumava levar a segunda mulher. Blá, blá, blá. Fomos cedo para casa e começámos a falar línguas. Leandro aprendeu sozinho com “Teach yourself” e falando com marinheiros um bom inglês, francês, espanhol, italiano e diz saber ainda um pouco de chinês, japonês e está aprendendo russo. Impressionou-me.


17 julho – segunda-feira

Saída às 7.30 por razões laborais da minha hospedagem. Novo passeio por Brasília, segundo pequeno-almoço na central de onibus, fritos e caldo de cana-de-açúcar. Ida para aeroporto e voo da BRA atrasado hora e meia, preços das passagens para Salvador exorbitantes? Sem saber que fazer.
Quatro horas de atraso, planos quebrados. Em S. Luís vou ao centro pego na net o e-mail com telefone do Leandro. Compro cartão telefónico e falo com ele. Ele tentará encontrar alguém para me buscar. Como não obtive resposta, volto a ligar e decidimos eu ir ter à sua empresa de táxi. Deixo o cartão no telefone e 10 segundos depois volto e já não está. Viva S. Luís. Chego de táxi à empresa e vamos para o gabinete do director. ?Sou íntimo dele, posso usar seu gabinete?. E começa a falar, contar seus desamores, seus dois casamentos falhados, sua vontade de tudo deixar e ir atrás da segunda mulher que o deixou. Está numa depressão, perdido na vida. E eu perdido na viagem. Não sou bom escuta, não sei dar o ouvido a este funcionário de empresa de carga portuária. Conta coisas horríveis, que ontem bateu na primeira ex-mulher com quem co-habita com o filho de 10 anos porque houve uma discussão gerada depois de ele querer levar uma televisão e DVD para a casa onde vou ficar. Eu quero ter minha vida independente, não prender nem estar preso a ninguém neste negócio de Hospitality Club. //
Acabei por ter de esperar até à meia-noite por que Leandro estivesse pronto no seu trabalho. Descansei no sofá do gabinete da direcção, que apresentava uma limpeza inegualável, sabendo que no banheiro ao lado uma barata se passeava no chão. Levaram-nos a casa, Leandro tinha vendido o carro para mobilar a casa do seu segundo casamento. A casa, diz, não era utilizava desde que ele terminara essa segunda relação. Podia ser bem verdade. Praticamente vazia, sofrendo da queda de esmalte do tecto, uma cama de 70cm de largo no quarto. Leandro dormiu no chão a meu lado. Janelas abertas pelo calor húmido insuportável.


16 julho – domingo


A marca acima foi a marca do dia até agora. Dei “carona” a uma menina de 19 anos por 230km de Alto Paraíso até Brasília. Uma menina esotérica, espiritual como nunca tinha tido oportunidade de falar. Esteve um mês com amigos nessa aldeia mística de religiões espirituais numa tentativa de vida auto-sustentável e comunitária. Senti como em toda a gente em todo o mundo que é impossível ser-se fundamentalista e existem sempre incongruência, coisas que não colam. Foi simpático tem a companhia de alguém que não “enxerga” bem mas não usa óculos, que trabalhou ilegalmente em biscates na Noruega, que está a deixar o cabelo fazer ‘dreadlocks’. Na despedida esqueceu uns livros no carro e felizmente // o porteiro do prédio dela a viu e sabia onde morava. Nova despedida e desta deixou o e-mail e o beijo no caderno.
O dia foi passado entre Alto Paraíso e S. Jorge, em cachoeiras e no ‘vale da Lua’. Sozinho, descansar a mente, refrescar a alma. A noite mais uma sopa com Beatriz e o seu amigo colorido.


15 julho – sábado

– dormi 3h30 na rede. Gustavo e José se levantam. Tomo café da manhã e sigo para aeroporto.
– Em Brasília o turismo não traz nada de novo para além de um mapa pior que do Lonely Planet.
– Onibus para o centro, procurar e não encontrar net, almoçar ao quilo. Internet, só Beatriz me respondeu.
– Descer à catedral e palácio de congressos/parlamento
– Trocar palavras com uma paulista também visitando Brasília enquanto tinha visita guiada ao palácio de congressos/parlamento brasileiro. Obra impressionante de Niemeyer.
– Voltar ao centro. Shopping, Internet. Sem novas respostas telefono à Beatriz, vou ter com ela depois de revelar mais um rolo.
– Van em volta à cidade mais organizada que já vi.
Tudo em blocos, tudo em ordem, com alguma imagem típica de um país em desenvolvimento, lixo, obras não terminadas, ruas estragadas.
Noto pobreza mas sinto-me mais seguro numa cidade de ruas amplas como esta.
Brasília tem forma de um avião, dividida em quarteirões, com lógica, embora distante uma coisa da outra. Tudo desenhado e sonhado por Niemeyer uma noite. Com paisagismo de Burle Marx, planeamento urbano de Lúcio Costa e ideia do presidente JK.
Encontro Beatriz com sobrinha. O seu irmão tinha tido uma filha com anterior namorada e passa os fins-de-semana com eles. Falámos, ela é jornalista de arquivo na TV no parlamento. Os pais muito simpáticos chegam a casa, falámos, digo meu plano de alugar um carro, aceito a ideia de fazer naquele momento. Voltamos ao aeroporto e pego um carro Fiat, básico dos básicos, sem conta rotações nem termómetro da água de refrigeração e onde os retrovisores se ajustam ?com a força do corpo? diz o manual.
A Beatriz leva-me ao teatro, um remake dos desenhos animados de super-heróis que devo ter visto só 1 ou 2 vezes quando a TV já não me dava tesão (apetece-me mudar o estilo da escrita). Um grupo amador que representou uma comédia como há muito tempo não me fazia rir tanto. Misturas do homem invisível, do homem gato (que era um ?gato?, como dizem as brasileiras e todos os outros heróis se sentiam atraídos por ele), o super(tesão), alto, e o homem mente. Objectivo: recuperar o diamante roubado pelo super magnífico (com M de McDonald) que precisava do dito para a sua máquina de destruição total (só para embelezar, concluiu). Misturas com elementos actuais como o orkut (mania e vício brasileiro, uma rede virtual de amigos), com as ruas de Brasília, com o técnico de som, com o público, religião, homossexualidade. E era um grupo amador. Adorei, adorei, adorei.
Seguimos para uma esplanada com sopa à descrição, um caldo verde para mim. A base numa panela (batata e chouriço) e a couve cortadinha à parte, tal como queijo e pão. Conversa e cerveja e era meia-noite quando nos deitámos. Ela ficando no quarto com os pais e eu na cama dela.
A Beatriz conhecia-a pelo HospitalityClub. Tinha 3 contactos em Brasília mas só ela me respondeu aos últimos e-mails.


14 julho – sexta

Depois de uma noite longa, acordei com o ruído de pessoas a passearem na sala onde dormia. Eram dez horas. Durante o café da manhã discute-se se ir ou não à praia e a qual praia e finalmente decidimos. Como tinha de comprar o bilhete para Brasília e S. Luís, fui com o Gustavo de moto até ao centro onde nos disseram, na agência de viagens, que já não havia passagens disponíveis. Tratarei do bilhete mais tarde. Continuamos de moto até à praia, num passeio de scooter de mais de 1h até Niterói. Aí bebemos cerveja que o empregado da praia traz até à arca de esferofite com gelo que há debaixo da mesa no meio do areal. Ficamos lá cerca de 3 horas, não almoçámos (é sempre complicado quando há duas famílias juntas e não há nenhum líder) e regressamos. A volta é marcada com imenso transito.
Após o regresso vejo uma nova passagem para S. Luís e vou ao shopping comprar. Durante a compra um anterior cliente telefona a dizer que acaba de ser assaltado nos semáforos. Apontam uma arma, abrem a porta do carro e roubam o que está à mão. Já tenho passagem, sigo primeiro para Brasília e dois dias depois para S. Luís. Tenho de arranjar onde ficar em Brasília.
Depois de jantar vou com o João, irmão do Gustavo, até à Lapa. Passamos para nos despedir dos amigos de Porto Alegre e Renata desde connosco. Vamos comer pizza. Renata e a amiga regressam e com o João passeamos no meio da confusão de um bairro popular. Decidimos ir ao Castelo dos Democráticos, uma casa fundada em 1800 e tal com música de samba e forró ao vivo. Às 4h regressamos de van para casa.

Baseado nas anotações:
– acordar com pessoas
– indecisões de ir à praia
– praia em moto com Gustavo em niterói
– 3h na praia
– volta no trânsito
– comprar passagem para S. Luís. Roubo de cliente anterior no semáforo
– sair com João, encontrar Renata e outros. Descer à Lapa, comer pizza. Elas 2 partem. Gente, muita
– Ir ao Castelo dos Democráticos, fundado em 1800 e tal. Ouvir e ensaiar samba e forro com música ao vivo.
– voltar às 4am de van


13 julho – quinta

– Floresta atlântica junto ao Rio
Espetacular como junto a uma metrópole onde faz 40 graus no verão e 30 no inverno pode haver tanto verde, numa floresta imensa com uma estrada sem trânsito, chuveiros naturais. Foi o início de um longo passeio na Bárbara

– Miradouro de St. Marta
Mais perto da cidade, a mesma vista e sem turistas, este miradouro é facilmente acessível de bicicleta (mesmo que com 30 graus seja cansativo) e melhor na opinião dos locais que o ‘Corvovado’ que está cheio de gringos.

– Passeio calmo e cansativo
Passei muitas horas na bicicleta e sem ter comida, coisa que numa floresta não é fácil de encontrar se não sabemos o que podemos ou não comer da natureza. Ao final já estava a desfalecer de fraqueza.

– Macacos na vista chinesa
Um outro miradouro deste caminho, uma espécie de quiosque chinês estava rodeado de pequenos macacos a correr de um lado para o outro. Vantagens de estar num local quase sem ninguém.

– Praia Ipanema
Depois de almoçar em Leblon, vendo um tipo a desesperar-se e deixar umas boas dezenas de reais numa slot machine, fui até à Praia de Ipanema, aquelas praias de foto do Rio, com gente, ao lado de uma excelente marginal com pessoas correndo e andando de bicicleta.

– Roubo bicicleta
Deixei a bicicleta fechada a cadeado contra uns postes próprios, num local cheio de gente a passar e onde um homem olhava a praia. Depois de ter tomado banho (pedindo a alguém para guardar a roupa) vejo o homem que se dirige a mim “tentaram roubar a sua bicicleta”. Conta-me que um menino chegou lá e cortou o cadeado mas ele aproximou-se e o menino fugiu. Como me tinha visto fechar a bicicleta, veio-me chamar. Guardaram entretanto a bicicleta junto a um posto de apoio. Foi muita sorte. O menino de rua tinha chegado e cortou o cabo do cadeado, assim, num local cheio de gente, como se fosse o mais normal do mundo. Não pude aproveitar a praia e tive de ir comprar um novo cadeado para a Bárbara. Comprei também umas luvas de ciclismo para substituir as velhas que eles tinham e uma garrafa de Porto. Afinal a tentativa de roubo foi o melhor que podia ter acontecido dentro do que é o Rio de Janeiro.

– Chegada pais Gustavo
À noite chegaram os pais de Gustavo e o irmão. Éramos agora 8 para dormir na casa com 2 quartos. Eu fui o único que fiquei sozinho… na sala.

– Sair com Gu, José e João em St. Teresa
Antes de dormir ainda fomos até um bar, os três, beber uma cerveja, falar um pouco mais.
Uma noite relativamente calma mas onde eu estava ainda cheio de sono.


12 julho – quarta

Neste segundo dia no Rio levei a ‘Barbara’, a bicicleta da José. Armado com capacete, luvas, bidon de água tinha ideia de visitar o bairro da Urca e fazer toda a ciclovia até Copacabana e Ipanema.

Desci ao centro, subi o banco da bicicleta numa loja e fui até ao museu de arte moderna às 12h. Tinha uma interessante exposição de fotografia do Brasil nos anos 50, várias festas em 5 estados diferentes. Pedalei ao longo da costa até à Urca e almocei no ‘Garota da Urca’, uma cadeia de restaurantes no Rio com boa qualidade/preço (almoçar bem por menos de 4 euros é isso). Acompanhei com uma caipirinha (prova) que me deixou bem alegre e sem consciência para o resto da tarde.

Encontrei um caminho lateral ao morro do Pão de Açúcar (http://www.copacabana.tur.br/pontosturisticos/paodeacucar.htm) com uns vestígios de uma floresta húmida, passando até por lianas. No final do caminho de 30 minutos havia uma placa “Caminho com risco de morte, passar apenas com guia experiente”. E lá fui eu ver o que eles queriam dizer com aquilo.Depois de uma primeira parte relativamente fácil com sapados com boa aderência, comecei a ter de trepar por uma rocha com uma inclinação considerável e olhando para baixo não havia que o mar uns 200 metros mais longe para acolher uma escorregadela. Pouco mais á frente vejo em simultâneo uma placa “necessário material de escalada a partir deste ponto” e um grupo de pessoas 10 metros mais acima. Ao me verem dizem para subir com eles. Aceito. Subo os 10 metros que me faltam para chegar a eles sem segurança e aí com corda a fazer segurança subo mais 10 metros que apresentavam alguma dificuldade. Era um grupo de amigos de Porto Alegre, em que um casal estava a viver no Rio e os restantes tinham vindo visitar. Pessoas que trabalham com circo, música, vídeo. (prova) Dois deles marcaram-me: um porque tinha regressado de Genebra sensivelmente na mesma altura que eu; tinha ido para a Suíça quatro meses tocar acordeão com o objectivo de regressar e comprar uma van para, com três outros amigos, ir fazer um circuito pelo Brasil apresentando um espetáculo de circo e música; partiu com a primeira de oito prestações da viagem pagas; e trouxe dinheiro para comprar a van; trabalhava 6 horas por dia na rua; primeiro em Zurique, depois em Lausanne e finamente em Genebra, onde viveu num squat a 100 metros de minha casa. Outra foi a Renata: com um sotaque gaúcho lindo e um olha especial para além de uma calma jovial e tranquilizadora. Falámos bastante e trocámos bastantes olhares e na minha memória não sai aquela pronúncia do Sul – “tu vai connosco…”.
Como não tínhamos bilhete de teleférico só poderíamos descer depois da 19:00, quando aceitavam que os que viéram pelo ‘trilho’ pudessem descer sem pagar. Ao chegarmos abaixo, caminhamos e gritamos em unissono o nascer da lua no horizonte, amarela e grande, ao fundo do mar. Uma lua bem cheia que nos obrigou a sentar para apreciar melhor aquelo mágico momento. Voltei para casa de noite, com medo do Rio, em bicicleta, não sem antes trocar de telefone com o grupo para os reencontrar. Ao chegar a casa não queriam acreditar, não conheciam o trilho. Havia pizza e caipirinha para o jantar. Óptimo. E fui ter com o grupo da escalada. Comprei duas cervejas (de 600ml) num bar no caminho que colocaram num saco de plástico tão fino que nem 100 metros de bicleta aguentou antes de rebentar uma asa. Tive de fazer metade do percurso a pé para bem do líquido. Depois de terem instalado um computador com windows e termos bebido as cervejas fomos até um bar, o mesmo onde eu tinha comprado as cervejas. Um inimagínavel conversa tívemos aí: eu, os dois amigos mais especiais (prova), um polícia, um cliente e o empregado do bar. O polícia contava que os ‘pratrícios’ tinham trazido para o Brasil o que não queriam, seja: putas, malucos e presos (prova). Ficámos uma hora ou mais aí, até às 2.30 quando o empregado teve de fechar o bar e fomos para outro. Aí continuamos numa conversa já mais calma até às 4. O para terminar a noite nada melhor que encontrar uma louca pedrada bavardando imenso. Regresso de bicicleta e dormir.

A base do texto foi feita em inglês com os seguintes pontos:
– Idea to go cycle to Urca, Ipanema, Copacabana
– Modern Art Museum at 12
– Lunch at Urca in “Garota de Urca” with caipirinha
– Walk near ‘Pão de Açúcar’. Decide to pass a sign saying “with a guide only, danger of death”
– Meet people (2 guys, 3 girls) from Porto Alegre, from circus, photo, film, music areas climbing, just after a sign saying ‘gear needed’.
– Climb with them. Way down for free only from 19h
– See the (full) moon rise on the see
– Gustavo (my host) did not know about the trail
– Dinner was pizza and caipirinha
– Meet people from Porto Alegre, took 2 beers in a bad bag that was not surviving my way by bike
– They were installing ‘windows’ in a PC and then we went to a bar
– a police man talking until 2.30am about ‘patricios’ (portuguese) bringing the crazy, bitches and prisioners to Brazil
– another bar until 4am. On the way back a crazy black and druged women talking a lot.
– sleep


11 july – tuesday

I arrived Rio at 5:30am, it was dark and the city slept as I was doing
in the “leito” of the bus more comfortable than any economic class of
a long carrier flight.

The fear deposited on me about Rio made me wait until daylight showed
people faces. The idea was to get a bus to the center and get in a
typical tram (“bonde”)
(http://www.rio.rj.gov.br/riotur/pt/atracao/?CodAtr=1410) to my friend
house. I got out too late and instead of taking a bus back I wanted my
legs to feel the size of the city. It was 7am anyway. Two hours later,
coffee, food and a juice of another unknown fruit at a coffee shop of
a portuguese man in the stomach I arrived to the “bonde” line in Sta.
Teresa district. Tired and 2km still far from the house. I waited for
the old, crazy, marvelous tram which was going in the opposite
direction but with the direction I wanted in the top-front. Trip back
and forth and I arrived to gustavo and Jose place where Jose mother
and a friend were as well.

In front of a favela again – just heard some gun shots minutes ago –
and maracanã stadium in the view, the appart is in the floor -2 but as
its a hill there is a good view. Drafted some plans for the next days
and for the first time in this trio I went alone around (Brana, adorei
sua companhia!, que saudade). city center, many little, little
museums, a mix of buildings, a 4 euro wrist watch bought, moved to
street shopping area (Saara district), loved the city at that moment,
wanted to live here, if the city was not so huge. I ate in a 1st floor
restaurant for 2 euro where the rice and beans sauce were to share,
only the meat was individual. I took a boat and Niteroi here we go for
the museum of contemporary art
(http://www.richschwarz.com/thesixthday/awakenings/rio/Niteroi.asp). a
30 minute walk still to arrive there and my pain when they said it was
closed for changing some lights. It broke my day. 30 minutes back.
Boat ride back. Decided to go to Modern Art Museum, 1 hour for visit
only. But wrong bus taken and I end up in Leblon and Ipanema beach
district (like 10km further that I wanted). Unfortunately there was no
more sun and few people in the beach. Beaches which are very similar
to the portuguese ones, appart for having beach volley and football
schools until late night (with lights, of course).

Tired to write but still to tell the fear of ‘cariocas’ in the
“mêtro”. The sleep in the theater show later in the evening. And
thoughts during the “day”: that Rio is like Seul in amount of people
and shops. Like Palermo in amazing hided churches. and a huge bridge
like in Lisbon.


10 julho – segunda

Foi até agora o dia mais especial da minha estada no Brasil (o dia do casamento também foi óptimo). Talvez porque me apaixonei. Foi o dia em que vi as primeiras cachoeiras, cascatas lindas com uma pequena lagoa para tomar banho. Fui com a Brana cedo para a Serra do Cipó. Visitamos uma gruta onde o guia explicava como se soubessemos tudo da aula de história da escola. Depois metemos-nos por uma estrada de terra e encontramos uma cachoeira, enorme e sem ninguém. Só um casal para além de mim e da Brana. Nadámos, sentimos a água a cair sobre nós. Sorrimos um para o outro. Sorrisos especiais e mágicos. Passámos horas a falar, a olhar nos olhos e trocar sentimentos. Ao final da tarde e depois de almoçar num restaurante da estrada, visitámos o ‘véu da noiva’, uma outra cachoeira de água gelada e onde o sol já não entrava. Gostamos de água gelada. E voltámos. Há pouco para escrever sobre o muito que houve para sentir.
Há noite foi a despedida. Lorenza já tinha ido para a lua de mel. Brana e Bruno levaram-me à rodoviária e um último abraço antes de ir para o Rio. Até breve Belo Horizonte.


9 julho – domingo

A Lorenza telefona às 8 da manhã e aparece em casa pelas 10h, vinda de fusca, todo pintado. Mas eu vou com Brana, namorado, pai de Brana e Cássia para Ouro Preto, uma cidade bem antiga e conservada, uma cidade estudantil com as suas repúblicas. Passeamos e almoçamos lá. Lá vemos os golos da itália e a festa dos brasileiros por a frança ter perdido.


8 julho – sábado

Dia do casamento. Mulheres vão para os salões de beleza, homens ficam em casa. A mãe de Lorenza e Brana demoram mais que o devido e chegamos 45 minutos atrasados ao casamento, com a noiva à espera da mãe para o casamento poder começar. É um casamento fora da igrja católica mas com um padre que pode celebrar fora da igreja. O casamento cívil tinha já sido alguns dias antes. Com a nossa chegada o casamento começa. Entra o noivo, entram os pais do noivo, entra a mãe e padrasto da noiva e entra o fusca com a noiva e o pai da noiva. Depois um discurso papal, troca de alianças, vem a festa. Vem a música e dança. Vem os aperitivos e as bebidas. Há fondue de chocolate com frutas. Há dança de forró. Há muita gente (300 convidados presentes) e muita gente que se me apresenta. Há um charro com o namorado da Bruna e um amigo da Lorenza que toca numa banda de metal. Há música finlandesa, fotos com Lorenza. Até à meia-noite quando sigo com a Flávia, bastante alegre, de carro para um buteco onde como um filé (não há hora para comer carne), isto depois de termos passado no hotel onde estava Lorenza a deixar-lhe algura roupa para que pudesse sair sem ser de noiva no dia seguinte. Bem mais tarde chega a Brana chateada porque tinham emprestado o carro dela a uns convidados e este meio bêbado e cansado partiu o farol contra um carro parado à sua frente. O pai da Brana deu conta do recado mas a chatisse ficou.


7 Julho – sexta

Passei o dia com Lorenza. Enquanto ela fazia os últimos acertos com a empresa de catering, eu passei na praça da Liberdade onde um imponente edifício e uma biblioteca desenhados por Niemeyer marcam o estilo. Na biblioteca havia uma exposição sobre Guimarães Rosa, escritor adorado de Joaquim, noivo de Lorenza. Passámos depois na casa-museu histórica de Salvador, mostrando como era antes de a cidade ser toda refeita. Um almoço no buteco do mercado central que por vários anos foi premiado como dos melhores butecos da cidade (competição oficial em BH). Comer arroz mineiro e outras delícias num grupo que incluia a Brana, o pai da Lorenza, um amigo da Lorenza e seus pais. Pela tarde, zangada com a irmã, a Lorenza leva-me a Pampulha.Lá existe uma pequena igreja, uma casa de baile e um museu todos desenhados por Niemeyer no seu estilo muito próprio e atraente.
Terminamos o dia no ‘pré-casamento’ em casa dos noivos, com cerveja, cachaça de excelente qualidade, música de vinis, guitarradas e cantoria pelos vários convidados. O pós-dia foi ainda com a Cássia e uma irmã do Joaquim n’A Obra, um bar underground em BH, com excelente música e onde deu para entender como os brasileiros (homens) não têm meias medidas para se aproximar de uma garota. Casa às 4 da manhã.


6 Julho – quinta

A ideia era ir visitar o centro de Belo Horizonte (BH) e Pampulha, uma zona nos arredores que tem um lago rodeado de edifícios desenhados por Niemeyer. Começámos por ir visitar e dar boleia a uma prima de Lorenza, 28 anos, bonita, 3 filhos de 3 pais diferentes, que trabalha com camurça em casa onde vive com a mãe e com algumas galinhas hospedadas no terraço. Em seguida encontramos uma amiga da Brana, professora primária e fomos com ela até casa da sua irmã que tinha tido um filho. Era num condomínio fechado, com óptima vista, casa muito cuidada. Café e bolo servido e fomos até ao local do casamento deixar as garrafas de whiskey (24 litros! comprados em duty free pelos convidados vindos de fora, incluindo eu. Ça veux dire, cheguei a BH com uma mochilinha nas costas e uma caixa de 12 litros de whiskey) e de vinho para a festa, pois saía mais barato do que fornecido pelo catering. Aproveitámos para tomar um café oferecido pela D. Cláudia que cuidava do jardim do local do evento e vivia lá mesmo com o seu marido. Já anoitecia quando fomos ao centro para buscar os fatos das meninas que lançam as pétalas para o chão onde os noivos vão pisar (para as solas dos sapatos ficarem a cheirar bem?). Era uma loja no 2o andar de um edifício com lojas de noivas a cada andar. Porque no Brasil é comum alugar todos os fatos usados no casamento, de homem, senhora, noivo e noiva. Algo inteligente já que eles o lavam e não tem sentido comprar um fato que se usa uma vez por ano ou uma vez na vida. Pimba!
Depois foi a vez de eu duplicar o número de t-shirts da minha mala de viagem. Comprei uma t-shirt entre uma amálgama delas, dizendo Brasil. Vão ver nas fotos os 3 euros de tecido. Após o jantar em casa voltámos a sair para encontrar uns amigos de Brana num buteco (um bar que serve comida) onde até tarde bebemos litros de cerveja e eu também uma caipirinha.


5 July – wednesday

Yesterday after long trip from Lisbon while seeing the portuguese team
to be defeated a girl seat by me with a young boy and talking shared
with me a beer. She had left the boyfriend in the airport and needed
to talk. But not sure yet of how things work here I prefer not to give
much talk.

Arrived to Belo Horizonte (BH) my friend had not arrived yet. And of
course I did not have with me any contact of her. But 5 minutes later
the party begins. Her sister is architect, her boyfriend loves vinyls
and I felt ‘home’ while drinking ‘choppe’ at her new place, a huge
appartment in the city center. Now I’m at her mother place, in the
outskirts, just facing a favela, impressing favela. You need a key
even for the lift!

Well, and I’ve to leave now. Going to visit with Brana (sister) the
center. and I’ve to say, the invitations to the wedding are a piece of
art. They were done by a cubist painter friend of them. The cover of
it is a painting about them that is over their bed.